sábado, 3 de julho de 2010

Título original: As radiações que nos cercam. Quais são, como se distinguem, quais são benéficas e quais são as prejudiciais a nós.




AS RADIAÇÕES QUE NOS CERCAM
benefícios e malefícios

Roberto Cunha Lima




Na era do conhecimento fatores importantes nos alertam
sobre a incidência das radiações a que
estamos sujeitos. Os riscos ocultos das
radiações estão presentes a todo instante em nossas
vidas. São várias as ocasiões em
que nos arriscamos sem
necessidade. Assim, devemos
ficar atentos quanto aquelas situações
que podem trazer malefícios
sobre o nosso organismo.
É necessário conhecer
O uso das radiações e suas
funções científicas
a evitar problemas
de saúde e até a
morte prematura.


Este é um tema relevante na Física, mas também importante na medicina desde o século XV. O assunto é ligado a todos. Radiação é uma forma de energia emitida por uma fonte, e que se propaga de um ponto a outro sob a forma de partículas com ou sem carga elétrica, ou ainda sob a forma de ondas eletromagnéticas. Cientificamente é vista por novo ângulo: Quando a radiação possui energia suficiente para arrancar um dos elétrons orbitais de átomos neutrons, transformando-os em par de íons, diz-se que ela é ionizante. A ionização é a eliminação direta ou indireta de um elétron de um átomo, que se transforma em íon positivo. As partículas carregadas produzem ionização diretamente enquanto que as neutras e as ondas eletromagnéticas, na sua interação com os átomos de um meio, produzem ionização apenas diretamente, criando partículas carregadas, que por sua vez podem ionizar. O termo radiação ionizante é usado para designar tanto um feixe de partículas com ou sem carga elétrica, quanto as ondas eletromagnéticas. Ainda podemos dizer que é a emissão e propagação de energia através da matéria ou do espaço, por meio de perturbações eletromagnéticas que apresentam duplo comportamento.
A história inicial das radiações registra que alguns mineiros alemães foram acometidos de grave enfermidade no pulmão (1494), causando-lhes uma doença chamada bergsucht, indicando óbito em pouco tempo. Logo estudos posteriores viram a incidência de radiação – é o caso do cobalto-60, o césio-137, o sódio-22 etc. e também uma infinidade de outros elementos. Os elétrons também emitem radiação, depende de sua excitação dentro do núcleo. É o caso das lâmpadas de vapor de mercúrio ou sódio, e lâmpadas de gases halogênio.
Radiação, para ser melhor compreendida na origem, significa radiar, vem do Latim, radiare, emitir raios de luz ou calor. Daí, a palavra radiação; radiar + ação, que diz do ato, ação ou efeito de radiar, transmitir energia através do espaço em linha reta à velocidade da luz, isto é, a 300 mil km/s, desde que não encontre obstáculo. É a multiplicação da energia por meio de partículas ou ondas. A legislação sobre uso, manuseio ou sujeição da radiação hoje é explícita.
Mas qual a utilização da radiação? O que fazer com a radiação? Precisamos conhecê-la cientificamente, além de nos cercar das valiosas indicações nos seus amplos aspectos. Todos fazemos uso das radiações. Como exemplo citamos as radiografias e os radiodianósticos; quando examina-se a possibilidade de fraturas, tumores e o campo da anatomia.
Um exemplo objetivo do uso das radiações vem do sol, fonte de radiação comum. O sol atinge a Terra em todos os cumprimentos de onda ou freqüência. Sobre o efeito estufa sabemos que a radiação solar atravessa a atmosfera. A maior parte da radiação é absorvida pela superfície terrestre aquecendo-a. Alguma parte da radiação solar é refletida pela Terra e atmosfera e volta ao espaço. Parte da radiação infravermelha (calor) é refletida pela superfície da Terra, mas não regressa ao espaço, pois é refletida de novo e absorvida pela camada de gases de estufa que envolve o planeta. E o que significa isso? O efeito é o aquecimento da superfície terrestre e da atmosfera.
É necessário saber utilizar as radiações solares quando se trata de benefício, e quem não souber manuseá-la, poderá ser afetado drasticamente. Ficar exposto por exemplo ao sol, só nas primeiras horas do dia, caso contrário, sujeita-se a incidência de raios prejudiciais. A radiação ultra-violeta emanada do sol é maléfica e causa vários tipos de câncer. Em termos práticos dizemos que quem está próximo à linha do Equador sofre mais porque os níveis ultra-violetas emitidos são maiores. É uma luz com cumprimento de onda menor que a da luz visível e maior que a dos Raios x, de 380 nm a 1 nm. A causa mais latente do uso inadequado dessa luz, uma vez que é registrado o surgimento de doenças como o câncer, raquitismo, psoríase, esclerodermia, eczema, icterícia, queimaduras, para citar doenças que surgem após insistente exposição ao sol.
Em se tratando da incidência das radiações diretas sobre o ser humano, é necessário lembrar que o nosso organismo é composto de trilhões de células que necessitam permanentemente de um ambiente estabilizado e saudável para que possam viver e se reproduzir constantemente. E são elas, as células, as unidades estruturais e funcionais dos organismos vivos que são as mais afetadas. Quando há a incidência de modificadores ambientais dentro das células, elas reagem com significativa expressão correspondente, a fim de identificar as possibilidades de defesa, pois a cada situação de incidência de raios ionizantes sobre as células, providências são tomadas na tentativa de proporcionar novo equilíbrio de suas funções, se houver possibilidades. Quando são expostas à radiação, tendem a modificar a estrutura física do corpo humano, iniciando uma série de ações novas pela desorganização química e biológica. A radiação que incide sobre as células causa ionização dos átomos e afeta imediatamente as moléculas de cada célula por inteiro, afetando os tecidos e proporcionando generalizada alteração nas funções do corpo humano, modificando inclusive o DNA. (Ácido desoxirribonucléico – o ácido que contém todas as informações genéticas).
Existem dois tipos de radiação, a ionizante e a não ionizante. As não ionizantes são as de baixa energia, ou sejam, ondas eletromagnéticas geradas pelo rádio, TV, forno de microondas, etc. são comuns em toda terra. As mais preocupantes são as ionizantes, pois elas afetam o ser humano.
E o que é ionização? Ou ondas ionizantes? São aquelas que produzem altos níveis de energia, essas é que são perigosas, são originadas do núcleo de átomos que podem ser alterados liberando elétrons e tornando-os eletricamente carregados. (elétron – partícula sub-atômica que circunda o núcleo – responsável pela criação de campos elétricos). Um átomo pode se tornar ionizado quando a radiação colide com um dos seus elétrons. Se houver violência na colisão, o elétron pode ser desprezado pelo átomo e essa perda do elétron faz o átomo deixar de ser neutro, pois com um elétron a menos o número de prótons é maior e o átomo torna-se íon positivo. O que significa essa ação? É que a quantidade de energia depositada em um só lugar (chama-se dose absorvida), desorganiza as funções normais da célula. É por isso que nas situações em que os Raios X são utilizados, (sob controle por exemplo), (são ondas ionizantes), não nos afeta integralmente, pois ficamos expostos necessariamente a uma “fração de segundos”, mas o operador do equipamento utilizado, aquele que desempenha a sua função no horário de trabalho várias vezes ao dia, necessita monitorar a sua permanência trabalhando atrás de uma parede especial usando protetor sobre o próprio corpo para que as partículas ionizantes não lhes afete. O uso de algumas fontes de energia fortelemente radioativas exigem blindagens e rigorosa manipulação para que a radiação não provoque danos irreversíveis no ser humano. Falta de atenção pode levar a danos graves em pouco tempo, como o caso Césio-137 de Goiânia, no ano de 1987, quando este elmento foi manuseado, sendo retirado de um local abandonado sem as devidas proteções, prejudicando quarteirões inteiros e causando inúmeras mortes em pouco espaço de tempo. Em todos os níveis é necessário cuidados especias. Em outros exemplos vemos o uso da esterilização de alimentos por radiação gama; a utilização de bombardeamentos com feixe de elétrons; geradores de energia elétrica baseados em calor produzido por substâncias radioativas usados em satélites artificiais, etc.
Enfim, as radiações tiveram outro grande salto quando ingressamos na era nuclear. Foi com todas essas experiências que em 1934, o físico italiano Enrico Fermi indicou ao mundo o início da era nuclear. Mostrou que utilizando o bombardeio de átomos de urânio por nêutrons provocava a fissão de átomos – os núcleos eram partidos, gerando novos núcleos e liberando energia. (Este fenômeno também pode ocorrer com o plutônio 239). A fissão dos átomos de urânio, em especial do isótopo 235, deu origem aos reatores nucleares.
Para melhor conhecimento devemos saber que as radiações ionizantes incidem sobre a Terra há milhões de anos. Houve, com o tempo, modificação de moléculas com a evolução dos seres vivos. Ao longo da história foram verificadas novas descobertas sobre a utilização das ondas ionizantes para ajudar a medicina e evitar acidentes naturais. São classificadas três tipos de radiação: radiação alfa com baixo poder de penetração, radiação beta com médio poder de penetração e radiação gama com alto poder de penetração. (As duas últimas necessitam de protetores para o corpo humano). A radiação gama é uma onda eletromagnética que emite ondas contínuas de calor e tem a capacidade de ionizar o ar tornando-o condutor de corrente elétrica. São penetrantes e ao atravessarem as substâncias chocam-se com as moléculas fazendo com que tenham alto poder de penetração. Existem também as radiações eletromagnéticas chamadas de infra-vermelho, que são aquelas emitidas por corpos aquecidos e são muito utilizadas na medicina. Desde o aquecimento de interiores até o tratamento de doenças de pele e dos músculos. Para produzir o infra-vermelho, em geral empregam-se lâmpadas de vapor de mercúrio. É usada também para obter fotos de objetos distantes encobertos pela atmosfera. Também é utilizada com sucesso por astrônomos com a finalidade de observar nebulosas e estrelas distantes. São conhecidos também os raios ultravioleta, que é produzido por descargas elétricas em tubos de gás. A radiação UV faz parte da “luz solar” que atinge a Terra. Ao atingir a nossa pele os raios UV penetram profundamente (o que é ignorado por milhares de pessoas todos os dias), e desencadeiam reações imediatas, não só na pele, mas em todo o complexo orgânico.
É sabido que pequena quantidade de raios que emanam do sol consiste nessa radiação, mas grande parte é filtrada quando ingressa na atmosfera. É utilizada também em tubos fluorescentes, em aplicações médicas, etc. esse tipo de radiação existe nos níveis A – B - e C para as suas respectivas finalidades conforme a sua intensidade.
Conhecemos também as radiações de fundo, e são chamadas de radiação cósmica. É a radiação que é emanada dos elementos naturais radioativos que existem na terra como potássio, césio, etc. a intensidade dessa radiação ao longo dos anos tem permanecido constante. Vem do cosmos. Na terra também temos alguns materiais radioativos – são o potássio-40, o carbono -14, urânio, tório, que estão presentes até em alguns dos nossos alimentos. Conhecemos também os raios catódios, que são feixes de partículas produzidos por um eletrodo negativo (cátodo), de um tubo contendo gás comprimido. São o resultado da ionização do gás – provocam luminosidade. São aqueles utilizados nos tubos de televisão comum. Os Raios – X, são os raios que têm a propriedade de atravessar o corpo humano provocando a iluminação de certos sais minerais.

Plantas geneticamente modificadas

As radiações têm sido usadas também com a intenção de melhorar a produção de trigo, arroz, feijão, amendoim e outras sementes; é a indução de mutações por agentes mutagênicos químicos. Em plantas a transgenia não é novidade.
O uso das radiações ionizantes, tais como Raios –X, raios gama e neutrons é utilizado como a mutação induzida. As experiências indicam não poder ainda direcionar gens específicos, uma vez que ainda não se tem controle integral. Os cruzamentos que são efetivados neste sentido referem-se a transferência de grandes blocos de gens da planta doadora para a receptora, mesmo após várias gerações de seleção. Esse método tem sido utilizado em tomates, batatas, milho, trigo, etc, que consumimos diariamente.
A adoção desse método refere-se as questões comerciais, fazendo parte da moderna tecnologia de produção agrícola. Por isso mesmo o número de países que cultivam plantas transgênicas triplicou, aumentando comprovadamente a produção de graõs no mundo. Os registros mais importantes referem-se ao milho, soja e canola.

Danos ao organismo

Os raios ionizantes são muito fortes e por esta razão, quando incidem sobre o nosso organismo danificam sistematicamente todas as estruturas celulares e causam o câncer, ou seja uma multiplicação celular desordenada. Provoca defeitos genéticos até em futuras gerações. É o que se chama de mutação. A incidência dessas raios em uma gestante pode afetar o cérebro da criança e causar situações irreversíveis. No ser humano pode causar anomalias em questão de horas. Existem fatos comprovados desde a Segunda Guerra Mundial até o caso do Césio 137 de Goiânia. Por esta razão, de estarmos expostos a vários tipos de radiação é necessário a vigilância permanente. Qualquer atividade que explore, manuseie, produza e use radioatividade e fabricação de energia nuclear só deve ser feito seguindo com rigor todas as normas de prevenção. O próprio Ministério da Saúde adverte que quem manuseia com radiações ionizantes deve precaver-se no sentido de proteger a sua saúde. Há uma legislação pertinente a ser cumprida e faz parte das Normas Reguladoras – NR 32 – D.O.U. de 16.05.2005 – Seção I. (Portaria MTE nº485 -11 de novembro de 2005).


Contaminação radioativa

A preocupação principal na Europa é com o maior acidente da história onde pereceram milhares de pessoas. Foi o caso de Chernobyl a 28 de abril de 1986, detectado primeiramente pelo laboratório de Pesquisas Energéticas de Sudsvik, a 75 km ao sul de Estocolmo, durante as medidas rotineiras de ambiente. Os níveis altos de radiação ultrapassaram muitas vezes mais do que o normal. Foram liberados na atmosfera 40 milhões de Ci de iodo-131 e tres milhões de Ci de césio-137. Ainda hoje a Europa sofre as consequências.

Quanto a proteção

Em relação aos cuidados referentes a P.R.O. – Proteção Radiológica Ocupacional (Princípio alara), revela que as exposições necessitam permanecer “em baixa” com a finalidade de não ultrapassar os limites estabelecidos – (NE 3.01 Diretrizes Básicas da Radioproteção), referentes a Comissão Nacional de Energia Nuclear. O trabalhador deve receber rigoroso treinamento para manuseios em quaisquer espécies de equipamentos, aventais apropriados e máscaras de proteção de glândulas, além de dosímetros para encetar permanentes verificações no ambiente. Esse direito é assegurado em convenções internacionais e pela legislação brasileira, além de se inserirem na classificação de aposentadorias especiais. A leucopenia (baixa de glóbulos brancos), anemia, e/ou baixa de plaquetas, além de várias outras situações diferenciadas referente ao comportamento celular do indivíduo é um dos fatores de risco. Por esta razão a saúde dos trabalhadores deve ser analisada de seis em seis meses, nas empresas, e necessariamente estabelecer os parâmetros atualizados de um hemograma completo.

Energia Nuclear de Angra III – O exemplo

O Brasil necessita urgentemente refazer os seus recursos energéticos para acompanhar o crescimento mas sabemos que a Usina Nuclear III só vai entrar em funcionamento com todos os equipamentos necessários. Ainda estão na fase de implantação dos cuidados básicos. Esta exigência tem de ser tomada a evitar desastres terríveis. Por esta razão é reconhecida a demora da sua implantação, muito embora os custos de finalização serão assustadores, pois a manutenção a cada dia é dispendiosa e ainda mais que os equipamentos ficam obsoletos com o tempo. Mas a demora em sua inauguração é por uma causa justa, afinal, com esta ação de extremos cuidados estaremos a reconhecer menos acidentes radioativos e menos morte de milhares de seres como em Chernobyl.



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Bibliografia consultada

Portela, F; Lichtenthaler Filho, R. Energia Nuclear. Acessado em 10.12.03, disponível em http://nuclear 2000.hpg.com.br
Cardoso, Eliezer de Moura. Radioatividade – Apostila educativa, Comissão Nacional de Energia Nuclear, 1999. SINDIPERTO
Doenças Relacionadas ao Trabalho – Manual de Procedimentos para Serviços de Saúde – 2001 – Brasilia DF – Organização Pan-Americana de Saúde.Santin Filho, O. Breve histórico dos Cem anos da Descoberta dos Raios X: 1895-1995. Quimica Nova, v. 18 n. 6, p.574-583, Nov. dez. 1995.
Ciência Hoje. Autos de Goiânia. v. 7. N. 40, Març. 1988, Suplemento.
Guyton, .A.C. – Tratado de Fisiologia Médica. 5, ed.Rio de Jnneiro. Ed. Interamericana LTDA.1977.
Genética e Genética II – organizadores: Draiton G. de Souza e Bernardo e Erdtmann – Coleção Filosofia 165–Ed.PURGS. ISBN-85-7430-393-3.



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